quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Slide - Goo Goo Dolls


Estava eu saindo do trabalho, mesma hora, pela mesma rua movimentada, dia frio de inverno que faz suas orelhas rosar e os lábios racharem. Um dia realmente nada bom para se sair debaixo das cobertas e aquecedor de canto; nada muito demais, os mesmos ônibus com pessoas desinteressantes. Ai como se torna chato e monótono morar num país tão sem sal; as mesmas sombras se evaporando pelos prédios altos e fedorentos.

Rotina e mais rotina, para tediosos isto seria muito mais que normal, ainda fico com as lustrosas idéias revolucionárias que tudo e todos se renovam a cada dia, é muito menos pessimista mentalizar assim; um pouco menos deprimente.

Na vida que levo não vejo metas; meu chefe pisa em cada colega que tenho, um por um; sei que um dia sairei daquele prédio com alguma carta de demissão na mão. A garçonete do Sweet & Cia com a deliciosa e quente xícara de café cremoso com marshmallow no balcão, ansiando por gorjetas, talvez até esperando às 18:09 horas para me ver chegar, o que eu duvido muito.

Que diferença fazia o tempo naquela cidade, sempre me perguntava, com ou sem guarda chuvas ou óculos de sol, era tudo sem cor e desnudo. O inverno se arrastou tão mais lento que os outros, e nenhuma outra estação parecia querer chegar. Rezei todos os dias para que algo mudasse, estava cansado daquela vida baldia, adolescentes de Converse all star indo para aula sem interesse, e idosas nos bancos das praças ansiando por pombos para jogar lá suas migalhas de pães.

Mas poderei dizer que ao chegar da primavera, foi como se o destino houve virado os sentidos, quando é claro que algo fez tudo mudar de rumo. Nunca poderei esquecer era 12 de outubro, possivelmente em 2010, os números combinavam tão bem, em algum aspecto.

O sol, antes parcialmente inexistente aos meus olhos, fez brilhar um alívio imediato. Foi neste dia que a vi.

Silhueta desenhada refletida em todas as direções; haviam tantas pessoas ali, mas para mim só existia ela por horas. Seus cabelos expelia brilho, os lábios levemente carnudos, contornos magros, cintura provocativa, os olhos inigualáveis azuis púrpuros; entendi que é possível andar em águas, seus passos macios e bem colocados um a frente do outro. Nunca vou entender como sua pele me causava arrepios constantes, nem mesmo como poderia ser são simples, tão “clean” , branca como neve, e nem mesmo algum dia cheguei a ver neve.

Quando percebi meu café cremoso com marshmallow’s de fim de tarde estava desastrosamente em seu vestido branco, quase translúcido. Era incrível como de perto alguém poderia trazer tantos sentidos a tona, quase passei despercebido ao cair em seus pés e me deixar envergonhar. Seu perfume me contagiou e mal consegui pedir desculpas.

Deveria ter seus 20 anos, e não me importaria em esperar mais 40 para vê-la novamente, mas minha curiosidade foi além disto e não vou poder parar por isto.

Seu nome era Eduarda Pekluz. E juro que vou conquista-la.